Atualizado em 26/10/2015
CONSTITUIÇÃO DA SÉTIMA REPÚBLICA DO
BRASIL
CONTEÚDO
SISTEMÁTICO DA
NONA CONSTITUIÇÃO
NACIONAL DO BRASIL
PREÂMBULO
TÍTULO
I – DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
CAPÍTULO I – DOS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – Arts. 1º ao 5º
CAPÍTULO II – DA
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Seção
I – Disposições Gerais – Arts. 6º ao 9º
Seção II – Da Administração Pública
– Arts. 10 ao 13
CAPÍTULO III – DO
PODER PÚBLICO
Seção
I – Da Administração Nacional – Arts. 14 ao 18
Seção
II – Da Justiça – Arts. 19 ao 22
CAPÍTULO IV – DA
ORDEM JURÍDICA
Seção
I – Do Ordenamento Jurídico – Arts. 23 ao 28
Seção
II – Da Tributação e do Orçamento – Arts. 29 ao 32
CAPÍTULO V – DA
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Seção
I – Do Estado de Exceção, da Intervenção e da Mobilização – Arts. 33 ao 35
Seção
II – Dos órgãos essenciais à Defesa do Estado – Arts. 36 ao 39
Seção
III – Do Combate à Corrupção – Arts. 40 ao 43
CAPÍTULO VI – DA
ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Seção
I – Disposições Gerais – Arts. 44 ao 46
Seção
II – Das Funções Essenciais à Justiça – Arts. 47 ao 51
Seção
III – Da Execução Penal – Arts. 52 ao 55
TÍTULO
II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO
I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS, COLETIVOS E SOCIAIS
Seção I – Dos Direitos e Deveres
Individuais e Coletivos – Arts. 56 ao 62
Seção II – Dos Direitos Sociais –
Arts. 63 ao 69
CAPÍTULO III – DOS
DIREITOS TRABALHISTAS, INDÍGENAS E DA
INFORMAÇÃO
Seção I – Dos Direitos Trabalhistas
– Arts. 70 ao 72
Seção II – Dos Direitos Indígenas –
Arts. 73 ao 74
Seção III – Do Direito à Informação
– Arts. 75 ao 78
CAPÍTULO III – DOS
DIREITOS PÁTRIOS
Seção I – Da Nacionalidade – Art. 77
Seção
II – Dos Direitos Políticos – Arts. 80 ao 84
Seção
III – Dos Refugiados – Art. 85
TÍTULO
III – DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
CAPÍTULO I –
DISPOSIÇÕES GERAIS
– Arts. 86 ao 90
CAPÍTULO II –
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS – Arts. 91 ao 95
PREÂMBULO
Todo
o poder emana das mãos do povo, que o exerce diretamente ou o delega
parcialmente aos seus legítimos representantes democraticamente eleitos,
detendo a prerrogativa de revogar tal concessão caso estes não atendam os
interesses daqueles que o elegeram.
Assim,
o povo brasileiro, visando instituir um Estado Democrático de Direito Social,
destinado a assegurar o exercício dos direitos individuais e coletivos, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade ciente de que seus direitos são
garantidos através do cumprimento de seus deveres, sentiu a necessidade de
instituir uma nova ordem constitucional que evocasse tais valores.
Fiel
à manifesta vontade soberana do povo brasileiro, os representantes reunidos em
Assembleia Nacional Constituinte elaboram, sob a autoridade suprema emanada das
mãos do povo, que a promulga através de referendo popular, a NONA CONSTITUIÇÃO
NACIONAL DO BRASIL.
TÍTULO
I
DA
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
CAPÍTULO
I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º –
O
Brasil é uma nação fundada na comunhão dos brasileiros, irmanados num povo
independente que visa construir uma sociedade livre, justa e solidária, segundo
sua índole e a determinação de sua vontade.
§1º:
A República Democrática do Brasil, nação soberana composta pela união perpétua
e indissolúvel de suas entidades subnacionais, constitui-se em Estado
Democrático de Direito Social sustentado na independência nacional e na defesa
dos direitos humanos fundamentais;
§2º: são
princípios fundamentais do Brasil a soberania,
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores
sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político.
Art. 2º – Todo o
poder emana das mãos soberanas do povo brasileiro, a quem é assegurado o
direito inalienável de constituir, substituir ou dissolver o governo, a
qualquer tempo e circunstância, se considerar que este não mais atende seus
interesses.
§1º:
Ressalvadas
as limitações desta Constituição e o respeito à dignidade da pessoa humana, a
vontade manifesta do povo sobrepõe-se aos atos do poder público;
§2º:
A lei disporá sobre os mecanismos de controle social, visando garantir a
transparência pública e o eficaz cumprimento das normas vigentes;
§3º:
A lei disporá sobre as formas de proteção dos grupos minoritários, bem como o
respeito aos seus direitos políticos em consonância com a vontade da maioria.
Art. 3º – A
República Democrática do Brasil renuncia à guerra como instrumento de
dissuasão, exceto para garantir sua autodefesa em caso de agressão estrangeira
ou iminência desta, e repudia toda a agressão armada entre as nações ou
intervenção destas em assuntos de natureza interna, exceto para garantir a
defesa dos direitos humanos fundamentais quando ameaçados.
§1º: Em caso
de comprovada violação aos direitos humanos fundamentais de cidadãos
brasileiros situados no exterior, o Brasil poderá enviar preventivamente força
militar de caráter expedicionário e provisório, para assegurar sua integridade
física e garantir seu imediato retorno ao País, se sua permanência no exterior
implicar em risco à integridade física ou moral;
§2º:
Na hipótese de concentração de forças militares estrangeiras ou apátridas junto
às fronteiras brasileiras, com manifesta intenção de invadir ou ameaçar de
qualquer modo o território nacional, o Brasil poderá realizar operação militar
de caráter ofensivo e preventivo, visando resguardar sua integridade
territorial;
§3º:
O Brasil não permitirá que conflitos internacionais em que não seja parte
atinjam seu território e nele se transformem em fatores de desagregação de sua
gente.
Art. 4º –
A
República Democrática do Brasil rege-se em suas relações internacionais pelo
princípio da reciprocidade, observado os seguintes termos:
I.
Independência nacional e não intervenção,
exceto nas hipóteses do art. 3º;
II.
Defesa dos direitos humanos e concessão de
asilo político;
III.
Defesa da paz e solução pacífica dos
conflitos;
IV.
Repúdio ao terrorismo e a qualquer forma
de preconceito e intolerância;
V.
Igualdade entre os Estados e
autodeterminação dos povos;
VI.
Cooperação entre os povos para o progresso
da humanidade.
§1º:
O Serviço Exterior Brasileiro, essencial à execução da política externa do
Brasil, constitui-se de corpo de agentes diplomáticos, no País e no exterior,
organizados em carreiras definidas e hierarquizadas, e lhe é assegurado a
autonomia funcional, administrativa e financeira;
§2º:
São invioláveis os agentes diplomáticos, os documentos e correspondências e
as instalações da missão diplomática, bem como os veículos e residências do
agente diplomático;
§3º: As ações
de cooperação internacional com organizações e estados estrangeiros deverão
observar o disposto no caput deste
artigo e estarão condicionadas à prévia aprovação mediante consulta pública,
sendo vedado qualquer forma de assistência material ou financeira aos países
que comprovadamente violarem os direitos humanos.
Art. 5º –
Constituem
objetivos fundamentais da República Democrática do Brasil:
I.
Construir uma sociedade livre, consciente,
justa e solidária;
II.
Garantir o desenvolvimento nacional,
através da redução das desigualdades regionais;
III.
Erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais;
IV.
Promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, estado
civil, orientação sexual, crença religiosa, deficiência e quaisquer outras
formas negativas de discriminação.
CAPÍTULO
II – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Seção I – Disposições Gerais
Art. 6º – O poder público é constituído pela
Administração Nacional e pela Justiça, bem como pelas instituições permanentes,
independentes e harmônicos entre si nos termos desta Constituição, sendo vedada
a proposta de emenda tendente a abolir sua separação e constituindo crime de
responsabilidade de seus membros atentar contra seu livre exercício.
§1º: Os
membros do poder público, eleitos ou nomeados conforme dispuser a lei, podem
ser exonerados ou afastados de suas funções ad
nutum por decisão do povo através de revogação do mandato ou ação de
afastamento;
§2º:
Nenhuma das autoridades de que trata este artigo serão obrigadas a
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício de
suas funções, nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles receberam
informações, ressalvado o disposto no art. 55, §2º;
§3º:
A lei disporá sobre a composição dos conselhos de controle da atuação
administrativa e financeira das instituições públicas, bem como o cumprimento
dos deveres funcionais de seus membros, dentre outras competências que podem
vir a ser atribuídas.
Art. 7º –
O
Brasil adota a forma unitária de Estado e a forma republicana de governo,
regida pelo sistema diretorial, composto por representantes diretamente eleitos
pelo povo brasileiro nos termos desta Constituição e da lei eleitoral vigente.
§1º: Será
assegurada a autonomia administrativa das entidades subnacionais, ressalvada a
hipótese prevista no art. 34;
§2º:
São símbolos nacionais os hinos
pátrios, o brasão de armas, a bandeira nacional e o selo nacional, podendo as entidades
subnacionais constituir símbolos próprios.
Art. 8º –
O
governo brasileiro é responsável pela administração política do País, tendo
como compromisso fundamental garantir a independência e soberania nacionais,
construir o estado de bem-estar social e zelar pela segurança da sociedade.
§1º:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado,
prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa;
§2º:
O poder público indenizará a vítima de ações criminosas cometidas por terceiros,
desde que não provenha de sua culpa exclusiva ou concorrente, assegurado o
direito de regresso contra o responsável sem prejuízo da sanção penal cabível.
§3º:
A lei disporá sobre os bens públicos, que não poderão ser adquiridos por
usucapião;
§4º:
Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, a prestação de serviços públicos.
Art. 9º –
As
entidades subnacionais podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novas entidades
subnacionais, mediante aprovação da população diretamente interessada e de ato
normativo da Assembleia-Geral.
§1º:
As entidades subnacionais constituirão órgãos colegiados, compostos por
representantes eleitos segundo o critério majoritário, nos termos da lei
eleitoral vigente, para cuidar da administração pública e do bem-estar social
nos termos desta Constituição;
§2º:
Aplica-se aos representantes das entidades subnacionais, no que couber, as
mesmas vedações e garantias de que gozam os representantes nacionais;
§3º:
A lei disporá sobre a organização das entidades subnacionais, bem como a
competência legislativa de seus órgãos administrativos.
Seção
II – Da Administração Pública
Art. 10 –
A
administração pública, direta e indireta, de qualquer das instituições do poder
público, obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
transparência, razoabilidade e eficiência.
§1º:
Salvo comprovada violação do interesse público, os projetos iniciados por
uma administração não poderão ser interrompidos ou cancelados pela
administração subsequente;
§2º:
A lei disporá sobre o provimento, criação e extinção de cargos públicos, proporcional à efetiva demanda pelo
serviço público e à respectiva população, bem como a remuneração e carreira
dos servidores públicos, efetivos e temporários, nos termos desta Constituição;
§3º:
Os membros da administração pública direta ou indireta que forem submetidos a
processo judicial ou administrativo serão impedidos de desempenhar suas funções
enquanto durar os efeitos do processo.
Art. 11 – É vedado
à administração pública, direta e indireta, de qualquer das instituições que
compõem o poder público, sob pena de nulidade de seus atos e responsabilidade
civil, penal e administrativa de seus agentes:
I.
A prática de publicidade, salvo a de
utilidade pública, que deverá ter caráter informativo, preventivo, de alerta ou
de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem identificação de determinada gestão ou promoção pessoal de agentes
públicos, privados ou partidos políticos;
II.
A nomeação de pessoa enquadrada nos
requisitos de inelegibilidade, nos termos desta Constituição, para cargo de
livre provimento, incluídos os casos em que a escolha deva recair sobre um
grupo restrito de pessoas;
III.
Conceder, permitir ou autorizar a
prestação de serviços públicos e a exploração de recursos naturais e minerais a
pessoas físicas que se enquadrem nas condições de inelegibilidade ou a pessoas
jurídicas cujos sócios, ocupantes de cargos de direção ou membros de conselhos,
diretores, executivos, fiscais ou consultivos estejam na mesma situação;
IV.
A concessão de aposentadoria como medida
disciplinar aos seus membros, bem como a pensão de natureza vitalícia a
ex-chefes das instituições do poder público.
§1º:
As autoridades públicas, nomeadas ou eleitas, conforme dispuser a lei, poderão
propor à Assembleia-Geral da República moção de confiança acerca de seu
desempenho funcional, cuja derrota surtirá os mesmos efeitos da moção de
censura, na forma da lei;
§2º:
Os cargos, empregos e
funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei, sendo
vedada a designação para função de confiança ou a nomeação para emprego ou para
cargo efetivo ou em comissão de pessoa que esteja em situação de
inelegibilidade em razão de condenação ou punição de qualquer natureza, durante
o prazo de duração do impedimento;
§3º:
É vedado nomear pessoa enquadrada nos requisitos de inelegibilidade, para cargo
de livre provimento da administração direta e indireta, incluídos os casos em
que a escolha deva recair sobre um grupo restrito de pessoas.
§4º: A
investidura em cargo ou emprego público dependerá de aprovação prévia em
concurso público de provas, ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e
a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarada em lei de livre nomeação e
exoneração, que não excedam a 1% (um por cento) do total dos cargos ou empregos
públicos de cada órgão;
§5º:
Do percentual estabelecido no §4º deste artigo, ao menos metade deverá ser
preenchida por servidores de carreira, sendo exigido nível de escolaridade e
qualificação profissional compatíveis com suas atribuições, bem como idoneidade
moral e reputação ilibada, vedado o nepotismo.
Art. 12 –
O
subsídio, a remuneração, a pensão e a aposentadoria pagas pelo poder público
deverão ser reajustados na mesma data e com os mesmos índices aplicados ao
salário mínimo vigente.
§1º:
A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos
da administração direta ou autárquica, dos membros de qualquer das instituições
do poder público, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o limite de 20 (vinte) vezes o valor do salário
mínimo vigente, sob pena de devolução;
§2º:
Os membros de qualquer das instituições do poder público serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, sendo vedado, sob pena de
responsabilidade:
I.
O acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação, auxílio de qualquer natureza
ou ajuda de custo, ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso,
o disposto no caput e no §1º deste
artigo;
II.
O recebimento, a qualquer título ou
pretexto, de auxílios, presentes ou contribuições, em espécie ou não, de
pessoas físicas ou de entidades públicas ou privadas;
III.
O uso de residência ou transporte
fornecido pelo poder público ou por entidade privada, assim como o reembolso
por uso de serviço público ou privado de qualquer natureza.
§3º:
É vedada a distinção, para efeitos de remuneração, entre os servidores públicos
civis e militares.
Art.
13 –
São crimes de responsabilidade os atos dos agentes públicos que atentem contra
esta Constituição e, especialmente, contra:
I.
A independência e integridade do Brasil e
a segurança interna e externa do País;
II.
O livre exercício das instituições do
poder público e o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
III.
A lei orçamentária, a guarda e o emprego
legal dos recursos públicos;
IV.
A probidade da administração, o
cumprimento das leis e das decisões judiciais.
§1º:
Constituem ainda crimes de responsabilidade utilizar-se de cargo, emprego ou
função pública para se eximir de cumprir obrigação legal a todos imposta ou
para obter vantagem ou privilégio indevidos;
§2º:
Os crimes previstos neste artigo não excluem outros previstos nesta
Constituição e na lei, que estabelecerá as normas de processo e julgamento, e
que não poderá ser interrompido ou arquivado ainda que o denunciado tenha
deixado definitivamente o cargo;
§3º:
Os crimes de
responsabilidade, ainda que praticados culposamente ou quando simplesmente
tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação para o
exercício de qualquer outro cargo, emprego ou função pública, sem prejuízo da
ação penal cabível, nos termos da legislação penal;
§4º:
Qualquer cidadão, no gozo dos seus direitos políticos, poderá denunciar os
agentes públicos por crime de responsabilidade perante as autoridades
competentes, que deverão apurar a denúncia sob pena de incorrer nos mesmos
termos;
§5º:
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade de bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.
CAPÍTULO
III – DO PODER PÚBLICO
Seção
I – Da Administração Nacional
Art. 14 – A
Administração Nacional é exercida pela Assembleia-Geral da República, de
composição unicameral, e constituída por representantes nacionais eleitos por
voto popular, dentre cidadãos brasileiros de reputação ilibada e idoneidade
moral, segundo o critério distrital, para mandatos estipulados pela lei
eleitoral vigente.
§1º: Os
representantes nacionais são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, e lhe são vedados,
desde a eleição:
I.
Firmar ou manter contrato com pessoa
jurídica, pública ou privada, aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
remunerado, inclusive os que sejam admissíveis ad nutum;
II.
Ser titular de outro cargo ou mandato
público eletivo fora da Assembleia-Geral;
III.
Firmar ou manter entendimento com entidade
ou governo estrangeiro, sem autorização da Assembleia-Geral;
IV.
Deixar de cumprir, sem justificativa, com
os compromissos assumidos durante a campanha eleitoral ou deixar de prestar
contas aos cidadãos ou às autoridades competentes, quando por estes for
solicitado;
§2º: Perderá o
mandato os representantes nacionais que infringirem qualquer das vedações
estabelecidas no §1º deste artigo ou:
I.
Cujo procedimento for declarado
incompatível com o decoro representativo ou quando for decretado pela Justiça
Eleitoral, nos termos desta Constituição;
II.
Deixar de comparecer às sessões da
Assembleia-Geral, salvo por motivo de licença ou missão por esta autorizada, e
fazer uso dos bens, serviços, instalações ou recursos financeiros públicos para
fins estranhos à atividade pública, sem prejuízo de regresso e ação penal
cabível;
III.
Que sofrer condenação criminal ou ação de
improbidade administrativa ou que tiver suspensos os direitos políticos;
IV.
Cujo mandato for revogado pela população
ou for cassado por 2/3 (dois terços) dos membros da
Assembleia-Geral da República.
§3º:
Na hipótese de impedimento, o segundo candidato mais votado do respectivo
distrito eleitoral exercerá interinamente a atividade representativa até que o
titular retome suas funções, e no caso de vacância ou perda de mandato, o
segundo candidato mais votado do respectivo distrito eleitoral tomará posse da
vaga até o término da atual legislatura;
§4º:
É incompatível com o decoro representativo, a qualquer tempo, além dos casos
definidos na lei orgânica, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro da
Assembleia-Geral, a percepção de vantagens indevidas e a prática de delitos,
ainda que anterior ao exercício do atual mandato ou que a pena aplicável esteja
prescrita.
Art. 15 –
É
de competência da Assembleia-Geral, dentre outras que podem vir a lhes ser
atribuídas, nos termos desta Constituição:
I.
Executar o processo legislativo, atendendo
precipuamente os interesses do povo brasileiro, bem como expedir atos
normativos necessários à fiel execução das leis;
II.
Exercer a direção superior da
administração pública nacional, através do Órgão Executivo;
III.
Aprovar moção de confiança ou de censura
sobre os dirigentes das instituições do poder público e de seus órgãos de
direção e eleger ou nomear autoridades, nos termos desta Constituição, bem como
convocar autoridades para prestação de esclarecimentos;
IV.
Declarar estado de beligerância, nos
termos do art. 3º, celebrar a paz e permitir que forças estrangeiras transitem
pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V.
Autorizar as autoridades públicas, que não
façam parte do Serviço Exterior Brasileiro, a se ausentarem do País;
VI.
Autorizar a tomada de empréstimos, bem
como dispor sobre o orçamento público, nos termos do art. 31, §3º, bem como
aprovar, previamente a concessão de empréstimos a governos estrangeiros, por
intermédio de qualquer instituição nacional de crédito, fomento ou
desenvolvimento e aprovar, previamente, a aquisição pelo país de quaisquer bens
imóveis ou instalações industriais e comerciais, encravadas em território
estrangeiro;
VII.
Convocar integrantes da administração
pública, direta e indireta, e executivos de empresas que tenham participação
acionária do poder público, para prestarem, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a
ausência sem justificação adequada, no prazo estabelecido.
§1º:
Todos os atos da Assembleia-Geral serão realizados em sessões públicas e os
votos dos representantes nacionais deverão ser abertos em todos os casos, sob
pena de nulidade;
§2º: A lei
disporá sobre a organização da Assembleia-Geral e as competências dos
representantes nacionais, observados os princípios desta Constituição;
§3º: A Assembleia-Geral da
República terá comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com
as atribuições previstas em lei orgânica, sendo assegurada, tanto quanto
possível, a representação proporcional das regiões do País.
Art. 16 –
A
Assembleia-Geral da República reunir-se-á em sessão preparatória, em data
fixada em sua lei orgânica, no primeiro ano da legislatura, para a posse dos
representantes e eleição da Presidência.
§1º: O presidente da Assembleia-Geral
da República é o Chefe de Estado e o Comandante-Supremo da Defesa Nacional,
garantindo a unidade, a independência e o livre exercício das instituições
nacionais, devendo, em caso de guerra declarada ou decretação de exceção,
exercer cumulativamente as funções de Chefe de Governo, sob supervisão do
Tribunal Constitucional, que poderá revogar seus atos em caso de comprovado
desvio de suas atribuições ou violação desta Constituição;
§
2º: Compete ao vice-presidente a direção do processo legislativo, que será
desempenhado pelas comissões, permanentes ou temporárias, em razão da matéria
de sua competência;
§3º: A lei
orgânica da Assembleia-Geral disporá sobre a sucessão em caso de vacância da
Presidência, bem como a organização e competência do Órgão Executivo e da
Instituição Fiscal Independente.
Art. 17 – O Órgão Executivo, composto por
Ministros da República, é responsável pela direção superior da administração
nacional, na forma desta Constituição.
§1º:
Os ministros do Órgão Executivo serão escolhidos na forma da lei orgânica da
Assembleia-Geral dentre cidadãos brasileiros de reputação ilibada e idoneidade
moral, detentores de notório saber nos temas de competência respectiva,
preferencialmente dentre servidores de último posto da respectiva carreira,
submetidos a arguição pública e aprovação pela Assembleia-Geral da República;
§2º:
Os ministros do Órgão Executivo exercerão suas funções enquanto bem servirem,
podendo ser demitidos ad nutum por
decisão da Assembleia-Geral, cabendo-lhes:
I.
Exercer
a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração
nacional na área de sua competência;
II.
Expedir
atos normativos para a fiel execução das leis e dispor sobre a organização e
funcionamento da administração nacional, quando não implicar aumento de
despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos, bem como extinguir funções
ou cargos públicos, quando vagos;
III.
Comparecer,
semestralmente, perante a comissão permanente a que estejam afetas as
atribuições de sua pasta, para prestar contas do andamento da gestão, bem como
demonstrar e avaliar o desenvolvimento de ações, programas e metas da pasta
correspondente;
IV.
Praticar
os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pela
Assembleia-Geral da República, na forma da lei.
§3º:
É vedado aos ministros do Órgão Executivo o exercício regular de outra
atividade profissional ou política, inclusive gestão de empresa, ou filiação
político-partidária, aplicando-se subsidiariamente as vedações do art. 14, §1º,
no que couber.
Art. 18 –
Compete à
Instituição Fiscal Independente, no âmbito da Assembleia-Geral da República:
I.
Divulgar
suas estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de
cenários fiscais e orçamentários, bem como analisar a aderência do desempenho de
indicadores fiscais e orçamentários às metas definidas na legislação
pertinente;
II.
Mensurar
o impacto de eventos fiscais relevantes, especialmente os decorrentes de
decisões dos das instituições do poder público, incluindo os custos das
políticas monetária, creditícia e cambial e projetar a evolução de variáveis
fiscais determinantes para o equilíbrio de longo prazo do setor público.
§1º: As competências estabelecidas no caput não excluem nem limitam aquelas atribuídas a órgãos jurisdicionais, normativos ou de controle.
§2º:
A Instituição Fiscal Independente será dirigida por um conselho diretor,
composto de três membros, escolhidos na forma da lei orgânica da
Assembleia-Geral, aplicando-se o disposto no artigo 17, §1º;
§3º:
Os membros do conselho diretor só poderão ser exonerados em caso de renúncia,
condenação judicial transitada em julgado ou processo administrativo
disciplinar, bem como por voto de censura aprovado pela maioria absoluta da
Assembleia-Geral, sujeitos às mesmas vedações dos ministros do Órgão Executivo;
§4º:
A Instituição Fiscal Independente poderá encaminhar pedidos escritos de
informações a membros do Órgão Executivo e a quaisquer titulares de órgãos
diretamente da administração pública direta e indireta, importando em crime de
responsabilidade a recusa, o não atendimento no prazo de 30 (trinta) dias ou a
prestação de informações falsas.
Seção
II – Da Justiça
Art. 19 –
A
Justiça do Brasil é exercida pelos tribunais colegiados e monocráticos e pelo
Conselho Nacional de Justiça, composto por juízes e membros dos órgãos
essenciais à Justiça.
§1º:
O tribunal do júri é competente para julgar os crimes dolosos, na forma da lei,
sendo-lhe assegurado a plenitude da defesa, o sigilo das votações e a soberania
dos vereditos;
§2º:
Lei de iniciativa do Tribunal Constitucional disporá sobre a organização dos
tribunais e do Conselho Nacional de Justiça e a competência dos magistrados,
nos termos desta Constituição;
§3º:
É assegurada à Justiça a autonomia administrativa e financeira.
Art. 20 –
Os
juízes são investidos mediante concurso público de provas e títulos e nomeados
pelo Tribunal Superior de Justiça, dentre cidadãos brasileiros natos de notório
saber jurídico, idoneidade moral e reputação ilibada, nos termos desta
Constituição.
§1º:
1/3 (um terço) dos lugares dos tribunais colegiados será
composto de integrantes das funções essenciais à justiça, de notório saber
jurídico, idoneidade moral e reputação ilibada, com mais de 10 (dez) anos de
efetiva atividade profissional, eleitos pelas respectivas instituições na forma
da lei;
§2º: Aos
juízes e ocupantes das funções essenciais à justiça, que integram o Poder
Público, são garantidos a inamovibilidade,
salvo por motivo de interesse público, e a irredutibilidade
de subsídios, nos termos do art. 12, e lhes são vedados:
I.
Exercer outro cargo ou função, salvo de
magistério, e participar de sociedade empresária;
II.
Receber, a qualquer título ou pretexto,
custas ou participação em processo judicial ou administrativo;
III.
Dedicar-se à atividade político-partidária
ou exercer a advocacia no juízo ou tribunal onde atuou, antes de decorridos 3
(três) anos do afastamento do cargo, por aposentadoria ou exoneração;
Art. 21 – O
Tribunal Constitucional é o órgão de direção superior da Justiça do Brasil a
quem compete, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe, dentre
outras funções definidas nesta Constituição ou em sua lei orgânica, processar e
julgar:
I.
A ação direta de inconstitucionalidade, a
ação de inconstitucionalidade por omissão e a arguição de descumprimento de
preceito fundamental;
II.
Projetos de leis e de emendas
constitucionais, após aprovação pela Assembleia-Geral da República, quanto à
sua constitucionalidade;
III.
O mandado de segurança e o habeas-data contra atos da
Assembleia-Geral da República, do Tribunal de Contas, do chefe do Ministério
Público e do próprio Tribunal Constitucional, bem como o litígio entre Estado
estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil;
IV.
A ação de desclassificação de documentos
sigilosos, antes do prazo legal de restrição de acesso, quando o conhecimento
público de seu conteúdo for de interesse nacional;
V.
A supervisão dos atos do presidente da
Assembleia-Geral, no exercício das atribuições previstas no art. 15, §1º.
§1º: Os
integrantes do Tribunal Constitucional serão nomeados na forma da sua lei
orgânica, respeitando-se o disposto no art. 20, §1º, e somente perderão o posto
por decisão de 3/5 (três quintos) dos respectivos
membros, por moção de censura aprovada por 3/5 (três
quintos) dos membros da Assembleia-Geral ou por ação de afastamento, após a
posse dos respectivos sucessores;
§2º:
As decisões definitivas de mérito,
proferidas pelo Tribunal Constitucional, produzirão eficácia contra todos e
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos da Justiça e à administração
pública, direta e indireta;
Art. 22 – O Tribunal Constitucional poderá, de
ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois
terços) dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos da Justiça e à
administração pública direta e indireta, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§1º:
A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de
normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão
idêntica;
§2º:
Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável
ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Tribunal Constitucional
que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula, conforme o caso.
CAPÍTULO
IV – DA ORDEM JURÍDICA
Seção
I – Do Ordenamento Jurídico
Art. 23 –
O
ordenamento jurídico nacional compreende esta Constituição e a legislação
infraconstitucional, que caberá dispor sobre as normas gerais de aplicação e
regulação dos dispositivos desta Constituição.
§1º: Salvo
disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o território nacional
na data de sua publicação, tendo vigor até que lei posterior a modifique ou
revogue, salvo se destinar à vigência temporária;
§2º:
A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada e terá efeito imediato e geral, não podendo excluir da apreciação da
Justiça lesão ou ameaça a direito.
Art. 24 – O
processo legislativo compreende a elaboração de emendas à esta Constituição e
de leis e atos administrativos.
§1º: Todos os
cidadãos podem apresentar à Assembleia-Geral proposta de emenda à Constituição
e projetos de lei, que serão apreciadas em cada sessão legislativa ordinária,
dando-se preferência àquelas que sejam subscritas por maior número de
eleitores;
§2º:
A matéria constante de proposição rejeitada ou havida por prejudicada não
pode ser objeto de nova proposição na mesma sessão legislativa;
§3º:
As disposições vigentes na Constituição anterior, não contempladas nesta
Constituição, passam a vigorar na legislação infraconstitucional, no que não
contrariar esta Constituição.
Art. 25 – A
proposta de emenda à Constituição aprovada pela Assembleia-Geral será levada à
apreciação do eleitorado por meio de referendo popular, após declaração de
constitucionalidade pelo Tribunal Constitucional, e será promulgada após
aprovação por maioria absoluta.
§1º:
As propostas de leis e atos administrativos, aprovados pela
Assembleia-Geral, entrará em vigor após sanção do Tribunal Constitucional, na
forma da lei que dispor sobre o processo legislativo;
§2º:
A promulgação de emenda à Constituição e a sanção de lei implicará em
revogação das disposições contrárias em vigor;
§3º:
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de qualquer das
hipóteses previstas nos artigos 33, 34 e 35, observado o disposto no art. 92,
§2º.
Art. 26 – Não
será objeto de deliberação a proposta de emenda à Constituição tendente a
abolir este artigo ou:
I.
A independência e integridade do Brasil;
II.
O sufrágio universal, secreto, facultativo
e periódico;
III.
Os direitos e garantias fundamentais;
IV.
A renúncia à guerra, observado o disposto
no art. 3º.
§1º: Incorre
nos termos deste artigo a lei ou ato administrativo tendente a dificultar ou
prejudicar, por qualquer forma, o exercício da soberania popular;
§2º:
Os tratados e convenções assinados pela República Democrática do Brasil serão
interpretados conforme os princípios deste artigo, sob pena de invalidação;
§3º:
São nulos de pleno direito os atos administrativos e decisões judiciais que
contrariarem esta Constituição, devendo seus responsáveis responder nos termos
da lei, sem prejuízo do direito de indenização ao lesado.
Art. 27 – O controle da
constitucionalidade tem por finalidade garantir a legitimidade do ordenamento
jurídico infraconstitucional perante esta Constituição, e será exercido de
forma preventiva ou sucessiva.
§1º: Todos os
cidadãos brasileiros têm legitimidade para ajuizar ação direita de
inconstitucionalidade, ação de inconstitucionalidade por omissão e arguição de
descumprimento de preceito fundamental;
§2º:
Compete
ao Tribunal Constitucional exercer, em conjunto com a Assembleia-Geral, o
controle preventivo da constitucionalidade, e com exclusividade, o controle
sucessivo de constitucionalidade, de forma abstrata ou concreta;
§3º:
A lei disporá sobre os mecanismos de controle da constitucionalidade, bem como
sua forma de aplicação, nos termos desta Constituição.
Art.
28 – Ninguém se escusa de cumprir a lei,
alegando não conhecê-la, cabendo a todos a responsabilidade de comunicar
qualquer fato ilícito de que tenha conhecimento às autoridades competentes,
garantido o direito ao sigilo da identidade, sob pena de omissão.
§1º:
A lei definirá a responsabilidade dos estrangeiros e dos silvícolas no
cumprimento das normas vigentes;
§2º:
Qualquer pessoa poderá e os órgãos de segurança pública deverão prender
quem quer que seja encontrado em flagrante delito;
§3º:
Todos os brasileiros capazes, cumpridos os requisitos legais, têm direito a
portar armas para sua proteção pessoal, a de sua família e de seu patrimônio.
Seção
II – Da tributação e do orçamento
Art. 29 – O poder público instituirá tributos
destinados ao custeio da administração pública e à manutenção de serviços
públicos prestados ou postos à disposição da sociedade, nos termos da lei
tributária vigente.
§1º: A lei
disporá sobre os tipos de tributos cobrados pelo poder público e suas
respectivas alíquotas e fatos geradores, bem como sua vinculação e forma de
cobrança, sendo vedado a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, e antes de
decorridos 90 (noventa) dias da data de sua publicação, ressalvados os tributos
de natureza extrafiscal definidos pela lei tributária;
§2º:
Sempre que possível, os tributos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei tributária
vigente, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.
§3º:
São princípios do Sistema Tributário Nacional a legalidade, a isonomia, a
anterioridade, a irretroatividade, a capacidade tributária, a uniformidade e da
proteção fiscal.
Art. 30 – Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado ao poder
público exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, utilizar tributo
com efeito de confisco ou institui-lo sobre templos religiosos, partidos
políticos, sindicatos, associações e instituições de educação e de saúde, sem
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
Parágrafo
único: É vedado ao poder público instituir tributo que não seja uniforme em
todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação
à entidade subnacional, em detrimento de outra, admitida a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País, bem como instituir tratamento desigual entre contribuintes que
se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
Art. 31 – O
orçamento público, aprovado pela Assembleia-Geral anualmente, mediante prévia
consulta pública, com base na arrecadação tributária do exercício anterior,
deverá destinar à administração pública os recursos necessários ao seu custeio
e investimentos visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados à
sociedade.
§1º: É vedado,
sob pena de responsabilidade, o contingenciamento de recursos destinados aos
serviços públicos essenciais, na forma da lei;
§2º:
O orçamento público deverá ser aprovado antes do término do atual
exercício, devendo a população diretamente interessada ser consultada quanto à
aplicação dos recursos;
§3º: Salvo em
caso de necessidade, será vedada a tomada de empréstimos pelo poder público até
que toda a dívida pública, contraída até a promulgação desta Constituição, seja
amortizada.
Art. 32 – O
Sistema Financeiro Nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do País e a servir aos interesses do povo brasileiro, em todas as
partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por
lei que disporá, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas
instituições que o integram.
CAPÍTULO
V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Seção
I – Do Estado de Exceção, da Intervenção e da Mobilização
Art. 33 –
A
Assembleia-Geral poderá decretar estado de emergência para preservar ou
prontamente restabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções, ou estado de sítio em caso de declaração de estado de guerra ou
resposta a agressão armada estrangeira e comoção grave de repercussão nacional,
devendo permanecer em funcionamento até o término de sua vigência.
§1º:
O ato que instituir o estado de emergência determinará o tempo de sua duração,
especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da
lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I.
Restrições aos direitos de reunião, ainda
que exercida no seio das associações, sigilo da correspondência e de
comunicação;
II.
Ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo o Poder
Público pelos danos e custos decorrentes.
§2º: Na
vigência do estado de sítio, decretado em caso de comoção grave de repercussão
nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de emergência, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
seguintes medidas:
I.
Obrigação de permanência em localidade
determinada e suspensão da liberdade de reunião;
II.
Detenção em edifício não destinado a
acusados ou condenados por crimes comuns e busca e apreensão em domicílio;
III.
Restrições relativas à inviolabilidade da
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, computação, radiodifusão e televisão, na forma da lei,
não se incluindo a difusão de pronunciamentos de representantes públicos
efetuados em seus órgãos representativos, desde que liberada pela respectiva
presidência;
IV.
Intervenção nas empresas de serviços
públicos e requisição de bens.
§3º:
Na vigência do estado de emergência ou de sítio:
I.
A prisão por crime contra o Estado,
determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao
juiz competente, que a relaxará, se não for legal, devendo a autoridade
policial realizar exame de corpo de delito no preso;
II.
A comunicação será acompanhada de
declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de
sua autuação;
III.
A prisão ou detenção de qualquer pessoa
não poderá ser superior a 5 (cinco) dias, salvo quando autorizada pela Justiça,
sendo vedada a incomunicabilidade do preso.
Art. 34 – O
poder público poderá intervir nas entidades subnacionais para manter a
integridade nacional, repelir invasão estrangeira, pôr termo a comprometimento
da ordem pública, garantir o livre exercício das instituições nacionais e
assegurar a observância dos preceitos constitucionais.
Parágrafo único: lei
disporá sobre as hipóteses de decretação de intervenção nas entidades
subnacionais e sua duração.
Art. 35 – A mobilização nacional será decretada
pelo presidente da Assembleia-Geral, no uso das atribuições previstas no art.
15, §1º, em caso de agressão estrangeira, visando à obtenção imediata de
recursos e meios para a implementação das ações que a logística nacional não
possa suprir, segundo os procedimentos habituais, bem como de outras
necessidades.
Parágrafo
único: São princípios do Sistema Nacional de Mobilização a permanência, a
flexibilidade, a economia, o fomento ao desenvolvimento nacional, a
coordenação, o controle, a oportunidade, a prioridade e a cooperação.
Seção
II – Das funções essenciais à Defesa do Estado
Art. 36 – A
atividade de inteligência, que tem como fundamentos a preservação da soberania
nacional, a defesa do Estado Democrático de Direito Social e da dignidade da
pessoa humana, será exercida por um sistema que integre os órgãos da
administração pública direta e indireta, com irrestrita observância dos
direitos e garantias individuais e fidelidade às instituições e aos princípios
éticos que regem os interesses e a segurança do Estado.
§1º:
Lei regulará a atividade de inteligência e suas funções, bem como a organização
e funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência e seus mecanismos de
controle interno e externo;
§2º: Os
direitos, deveres e prerrogativas do pessoal de inteligência, inclusive no que
concerne à preservação de sua identidade, ao sigilo da atividade profissional e
a seu caráter secreto são resguardados por esta Constituição, cabendo a lei
específica dispor sobre esses assuntos;
§3º:
Também é resguardado o sigilo dos documentos e conhecimentos produzidos pelos
órgãos de inteligência, ressalvada a prerrogativa dos entes de controle,
interno e externo, de acesso pleno aos referidos documentos e conhecimentos
para o exercício de suas competências.
Art. 37 – A
defesa nacional, exercida por instituições militares permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e disciplina, destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia das instituições do poder público e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
§1º:
Lei estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no
preparo e emprego das instituições militares;
§2º:
O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta da Assembleia-Geral nos
assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado Democrático
de Direito Social, cuja organização e funcionamento serão regulados por lei;
§3º: O Comando da Defesa
Nacional será exercido exclusivamente por oficial-general de último posto da
carreira militar, nomeado pelo presidente após aprovação pela Assembleia-Geral
da República.
§4º:
O serviço militar será obrigatório, nos termos da lei, em caso de decretação da
mobilização nacional, nos termos do art. 35.
Art. 38 – A
segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida por instituição policial para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio.
§1º: A todos são assegurados a qualidade
e a eficiência na prestação dos serviços dos sistemas de segurança pública,
ostensivo e investigativo, ficando garantidos os meios e recursos a eles
inerentes;
§2º: Lei
disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades;
§3º: Compete
ao Conselho Nacional de Polícia, cuja organização e competências serão
reguladas por lei, o controle da atuação administrativa, funcional e financeira
dos órgãos de segurança pública, bem como o controle externo da atividade
policial.
Art. 39 – A
defesa civil é exercida por instituições de emergência e incumbe a prevenção e
extinção de incêndios, ações de busca e salvamento decorrentes de sinistros,
ações de atendimento ao trauma e emergências pré-hospitalares, bem como outras
que lhes forem atribuídas, desde que compatíveis com sua função.
Parágrafo
único: No caso de iminente perigo público, as autoridades competentes
poderão usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior pela ocupação e qualquer por dano sofrido.
Seção
III – Do combate à corrupção
Art. 40 – A
Agência Nacional de Combate à Corrupção, instituição permanente, organizado e
mantido pelo poder público, destina-se a coordenar as atividades de apuração de
crimes de corrupção, nos termos da lei, que disporá ainda sobre:
I.
A autonomia administrativa, técnica,
financeira e orçamentária da agência;
II.
O mandato de seu presidente, que será
eleito pelo voto popular, em pleito nacional, e somente perderá o cargo, a
partir da metade de seu mandato, por decisão da maioria absoluta da
Assembleia-Geral, a ser referendada pelo voto popular;
III.
A organização de seu quadro de pessoal,
estruturado em carreira, com ingresso mediante concurso público, admitida a
requisição temporária de servidores de outras carreiras.
Art. 41 – Compete
ao Conselho Nacional de Combate à Corrupção, organizado na forma da lei, a
fiscalização das entidades da administração direta e indireta do poder público,
sem prejuízo de outros órgãos e entidades, cabendo ainda:
I.
Desenvolver
mecanismos para prevenir, detectar, punir e erradicar as práticas corruptas e
estipular estratégias de combate à corrupção e à impunidade;
II.
Desenvolver
mecanismos para estimular a participação da sociedade civil e de organizações
não governamentais nos esforços para prevenir a corrupção;
III.
Formular
diretrizes da política de transparência da gestão de recursos públicos e de
combate à corrupção e à impunidade;
IV.
Estabelecer
iniciativas para aperfeiçoamento da transparência na Administração Pública e
disponibilizar um serviço de “Disque Denúncia”;
V.
Garantir
proteção para proteger servidores públicos e cidadãos que denunciarem de boa-fé
atos de corrupção, inclusive a proteção de sua identidade;
VI.
Sugerir
propostas legislativas e administrativas para aperfeiçoamento da transparência
da administração pública e o combate à corrupção e à impunidade.
Art. 42 –
A
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do
poder público e das entidades da administração direta e indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
receitas, será exercida pelo Tribunal de Contas, mediante controle externo, e
pelo sistema de controle interno de cada instituição nacional.
§1º: Prestará
contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais o poder público responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações
de natureza pecuniária;
§2º: As
decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou cominação
de multa terão eficácia de título executivo e serão executadas por iniciativa
própria, na forma que dispuser a respectiva lei orgânica;
§3º:
O Tribunal de Contas é composto por conselheiros investidos mediante concurso
público de provas e títulos e nomeados pela Assembleia-Geral, para mandato
estipulados em lei, dentre cidadãos brasileiros natos de notórios conhecimentos
jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública,
idoneidade moral e reputação ilibada, e lhes são assegurados as mesmas vedações
e garantias de que dispõe o art. 20, §2º;
§4º: Ao
Tribunal de Contas, no âmbito de sua competência e jurisdição, assiste o poder
regulamentar, podendo, em consequência, expedir atos e instruções normativas
sobre matéria de suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe
devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de
responsabilidade;
Art. 43 –
O
Tribunal de Contas é instituição permanente, autônoma, essencial ao controle
externo e indispensável à manutenção e equilíbrio dos poderes governamentais ao
qual, assegurados os meios de sua normal atuação, compõe-se de um Corpo
Deliberativo e pela Auditoria de Controle Externo.
§1º:
O Corpo Deliberativo exerce as funções judicantes e normativas do Tribunal
de Contas, garantido, no exercício de suas funções, o acesso a quaisquer
documentos e dados da administração pública, ou que a ela digam respeito, mesmo
que sigilosos ou reservados;
§2º:
A Auditoria de Controle Externo, organizado na forma da lei, é órgão essencial
ao exercício da atividade de controle externo, com independência funcional
necessária ao desempenho de suas funções institucionais.
CAPÍTULO
VI – DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Seção
I – Disposições gerais
Art. 44 – Na
aplicação do direito serão observados os seguintes princípios, sem prejuízo de
outros previstos nesta Constituição ou que venham a ser definidos pela lei,
desde que em conformidade com estes:
I.
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei, nem será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal, sendo vedada a constituição de juízo ou
tribunal de exceção ou de foro privilegiado;
II.
Aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a elas inerentes;
III.
Todos
os julgamentos dos órgãos da Justiça serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;
IV.
A lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem;
V.
Toda
pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de
caráter civil, trabalhista, administrativa ou de qualquer outra natureza;
VI.
Excetuado
o agente preso em flagrante delito, toda pessoa acusada tem direito a que se
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa,
sendo-lhe garantido o direito de recorrer da sentença a instância judicial
superior, salvo nos casos previstos em lei;
VII.
São
inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação às normas constitucionais ou legais,
bem como aquelas que lhes são derivadas.
Parágrafo
único: a lei definirá os
princípios de que trata este artigo, bem como as formas de sua aplicação, nos
termos desta Constituição.
Art. 45 – Na
aplicação do direito, respeitados os seus fundamentos, serão atendidos os fins
individuais e sociais a que se dirige, as exigências do bem-estar comum, da
isonomia e da equidade.
§1º:
Salvo nos casos de
matéria penal, quando a lei for omissa o juiz decidirá o caso de acordo com a
jurisprudência, a analogia, a equidade, e outros princípios e normas gerais de
direito, e, ainda, de acordo com os usos e costumes e o direito comparado,
naquilo que não lhe for contrário, mas sempre de maneira que nenhum interesse
particular prevaleça sobre o interesse público;
§2º:
É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação;
§3º:
As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a
ordem pública e os bons costumes;
§4º:
Ninguém será investigado, processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.
Art. 46 – A todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação, devendo o
Estado indenizar o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença, independentemente da manifestação do lesado.
Parágrafo
único: Responderá
por perdas e danos o juiz quando, no exercício de suas funções, proceder com
dolo ou fraude, ou quando recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo,
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Seção
II – Das funções essenciais à justiça
Art. 47 –
O
Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§1º:
Compete ao Ministério Público, dentre outras atribuições definidas em lei
orgânica, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedado a
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas:
I.
Promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei, bem como zelar pelo efetivo respeito das instituições
do poder público e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
II.
Promover o inquérito civil e a ação civil
pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos, a
ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção
nas entidades subnacionais, nos casos previstos nesta Constituição;
III.
Defender judicialmente os direitos e
interesses das populações indígenas, sem prejuízo da atuação da Defensoria
Pública;
IV.
Expedir notificações nos procedimentos
administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para
instruí-los, na forma da lei respectiva;
V.
Requisitar diligências investigatórias e a
instauração de investigação policial, indicados os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais.
§2º:
São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade
e a independência funcional, orçamentária e administrativa, aplicando-se
também, no que couber, o disposto no art. 20, §2º;
§3º:
Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público, organizado na forma da lei
orgânica, o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério
Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.
Art. 48 –
A Advocacia
Pública é a instituição que representa a Administração Nacional, judicial e
extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei que dispuser sobre sua
organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico das demais instituições do poder público.
Parágrafo
único: São princípios institucionais da Advocacia Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 20, §2º;
Art. 49 –
A Defensoria
Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, nos
termos da lei;
§1º:
São princípios
institucionais da Defensoria Pública a unidade,
a indivisibilidade e a independência funcional, orçamentária e administrativa, aplicando-se também, no que couber,
o disposto no art. 20, §2º;
§2º:
O número de
defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva
demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.
Art. 50 –
A
advocacia privada é essencial à administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos termos da lei.
§1º:
Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e
promotores de justiça, devendo todos tratar-se com consideração e respeito
recíprocos;
§2º:
A lei disporá sobre as hipóteses em que seja admitida a autodefesa em juízo.
Art. 51 –
A
polícia é essencial à administração da Justiça, incumbindo-lhe a defesa da
ordem pública e jurídica, da paz social e o respeito aos direitos individuais
previstos nesta Constituição, mediante o controle externo do Conselho Nacional
de Polícia.
Parágrafo
único: A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos
responsáveis pela segurança pública, subordinados à autoridade policial, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades e prescreverá normas para a sua
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de elaborar sua proposta
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Seção
III – Da Execução Penal
Art. 52 – A
execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado e do internado.
§1º: A pena
será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o gênero do apenado, visando a prevenção, a correção e a
ressocialização, sendo assegurado às presidiárias condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação, salvo quando
implicar em risco para a criança;
§2º:
É dever do Estado fornecer os meios necessários para a reinserção do preso
à sociedade após o cumprimento da pena, respondendo solidariamente com este na
hipótese de reincidência em que seja comprovada a falta da devida assistência
necessária à sua reinserção social
§3º: Lei
disporá sobre a organização do Sistema Penitenciário Nacional, constituindo
crime de responsabilidade manter estabelecimentos prisionais que atentam contra
a dignidade humana do apenado.
Art. 53 – Não há
crime sem lei anterior que a defina, nem pena sem prévia cominação legal,
cabendo à lei regular a individualização e a adoção das penas cabíveis,
conforme a natureza do delito, nos termos desta Constituição.
§1º:
É assegurado aos presos o respeito à integridade física, psíquica e moral,
sendo vedada a aplicação de penas de morte, de banimento, de trabalhos forçados
ou consideradas cruéis, desumanas ou degradantes, nem será concedida extradição
de estrangeiro por crime político ou de opinião, nem haverá prisão civil por
dívida de qualquer natureza;
§2º:
No ato da prisão o preso deverá ser informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado e à identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial, sendo-lhe assegurado a assistência da
família e do advogado;
§3º:
Ninguém será obrigado a produzir provas contra si mesmo, podendo responder
por eventual produção de provas ou testemunhos falsos com o objetivo de
dificultar a administração da justiça.
Art. 54 –
Nenhuma
pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido.
§1º:
Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
praticado antes da naturalização, nos termos da lei processual vigente;
§2º:
Sem prejuízo da pena estipulada pelo juiz, o condenado terá a obrigação de
indenizar a vítima pelo prejuízo causado e a saúde pública, pela despesa com
eventual tratamento médico-hospitalar da vítima de crime doloso, ainda que
tentado;
§3º:
Às testemunhas e vítimas de crimes são garantidas a devida proteção
policial, a inviolabilidade de seus dados e a assistência material enquanto não
puderem prover sua própria subsistência sem risco de exposição;
§4º: É isento
de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Art. 55 – Constituem
crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça, anistia,
indulto, liberdade provisória, suspensão ou livramento condicional da pena,
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los ou
denunciá-los às autoridades competentes, se omitirem de má-fé, a ação que lese
ou exponha a perigo de lesão a integridade territorial e a soberania nacional,
a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito Social e as
autoridades constituídas.
§1º:
Incorre nos termos deste artigo as ações definidas pela lei penal vigente
como crimes hediondos e crimes de lesa-pátria, bem como os
crimes de responsabilidade dos agentes públicos;
§2º:
Constituem crimes de lesa-pátria a corrupção,
o terrorismo, o genocídio e a traição,
bem como os crimes correlatos a eles, não podendo os agentes de que trata este
artigo beneficiar-se de qualquer imunidade que possua;
§3º:
A lei penal disporá sobre a tipificação dos crimes de que trata este artigo e a
aplicação das penas, observados os limites desta Constituição, sendo vedado o
sigilo processual nos casos de crimes praticados contra a administração
pública.
TÍTULO
II
DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I – DOS
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS, COLETIVOS E SOCIAIS
Seção
I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 56 –
A
dignidade da pessoa humana, inerente à essência do ser humano, é irrenunciável,
imprescritível, intangível, inviolável e inalienável, independentemente de
qualquer peculiaridade pessoal do indivíduo, cabendo ao poder público a
obrigação de protegê-la e a todos o dever de respeitá-la.
§1º:
Compete à lei disciplinar, e o poder público executar, as hipóteses em que os
indivíduos receberão tratamento diferenciado, em face de suas limitações
pessoais, visando garantir a isonomia de toda a sociedade;
§2º:
A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais, bem como toda forma de preconceito;
§3º:
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em
virtude de lei, nem será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou
degradante, que implique em violação de sua dignidade humana.
Art. 57 – Todos são iguais perante a lei, sem
distinções de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros situados no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança, à assistência, ao bem-estar, à propriedade e ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, nos termos desta Constituição.
§1º:
É reconhecida a existência da vida a partir da concepção e sua extinção com a
cessação da atividade fisiológica do indivíduo, sendo vedado ao indivíduo ou
aos seus familiares a opção por sua cessação voluntária;
§2º:
É vedado ao indivíduo, acometido de moléstia incurável, ou aos seus
familiares e responsáveis quando este não puder exprimir sua vontade, optar
pela abreviação da vida por qualquer meio;
§3º:
É garantido o direito de herança, sendo que a sucessão de bens de estrangeiros
situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
dos filhos brasileiros;
§4º:
A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Art. 58 –
É
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e
suas liturgias.
§1º:
É assegurada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
§2º:
Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
fixada em lei;
§3º:
É vedado ao poder público estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou com seus
representantes relação de dependência ou aliança, de qualquer natureza.
Art. 59 – É dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§1º: O Estado
promoverá programas de assistência integral à saúde da criança do adolescente e
do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante
políticas específicas, nos termos desta Constituição;
§2º:
A lei disporá sobre o conselho tutelar, que é órgão permanente e autônomo,
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente e que, para tal, disporá de proteção policial obrigatória para
os seus membros.
Art. 60 – São assegurados os seguintes instrumentos de garantias de
direitos fundamentais:
I.
Conceder-se-á
habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
II.
Conceder-se-á habeas data para
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público, e para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III.
Conceder-se-á
mandado de segurança, individual ou coletivo, para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do poder público;
IV.
Conceder-se-á
mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
V.
O
direito de petição ao poder público em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder;
VI.
A
obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
VII.
Qualquer
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
Parágrafo
único: a lei definirá os instrumentos de que trata este artigo, bem como os
procedimentos para sua aplicação.
Art. 61 – Toda pessoa com deficiência tem
direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá
nenhuma espécie de discriminação.
§1º: A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante;
§2º:
É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com
deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à
habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social,
à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços
científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à
convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes desta
Constituição, dos tratados e convenções internacionais e das leis e de outras
normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Art. 62 –
As
normas definidoras dos Direitos e Garantias Fundamentais têm aplicação
imediata.
§1º:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados em que
o Brasil seja parte;
§2º:
Os direitos e garantias previstos na constituição anterior, não elencadas nesta
Constituição, permanecem vigentes com eficácia constitucional, salvo se com ela
for incompatível.
Seção
II – Dos Direitos Sociais
Art. 63 – São
direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a cultura, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte público, o meio ambiente
saudável, o lazer, o esporte, a segurança, a acessibilidade, a previdência
social, a proteção à maternidade, à infância e à juventude, a assistência aos
desamparados, o acesso à informação, à energia, à água potável e ao saneamento
básico, na forma desta Constituição.
§1º:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho;
§2º:
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais;
§3º:
É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como
direito de cada um;
§4º:
É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previsto em
lei.
Art. 64 –
A
seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa das
instituições do poder público e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social;
§1º: A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação;
§2º: A
previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, nos termos da lei;
§3º: A
assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição, e tem por objetivos a proteção à família, à maternidade, à
infância, à adolescência, à juventude e à velhice, bem como a promoção da
integração ao mercado de trabalho, o amparo aos adultos sem vínculo familiar e
em situação de marginalidade e a habilitação e reabilitação de pessoas
portadoras de necessidades especiais.
Art. 65 –
O
Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a
capacitação tecnológicas visando o progresso nacional, a inovação e o bem-estar
geral do povo brasileiro.
Parágrafo
único: A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e outros signos distintivos,
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico
do País;
Art. 66 –
A
casa é asilo do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo nos casos previstos em lei.
§1º: É
garantido o direito de propriedade, atendida a sua função social;
§2º:
A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização, nos termos da lei;
§3º
As propriedades, rurais e urbanas, utilizadas para práticas criminosas serão
confiscadas pelo poder público, sem indenização ao proprietário e sem prejuízo
de outras sanções penais previstas em lei;
§4º:
O poder público desapropriará por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante
prévia e justa indenização ao proprietário nos termos da lei vigente.
Art. 67 – Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§1º:
Os animais têm o direito à existência, ao cuidado e bem-estar, nos termos
da legislação ambiental vigente, competindo ao povo e às autoridades o dever de
observar e fazer cumprir tais direitos;
§2º:
Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei ambiental;
§3º:
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Art. 68 –
É
livre a locomoção em território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Parágrafo único: Todos
podem reunir-se pacificamente, sem armas ou instrumentos que possam causar
danos ao patrimônio, em locais abertos ao público, independente de autorização,
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local
ou a liberdade de locomoção dos demais, sendo apenas exigido o prévio aviso à
autoridade competente;
Art. 69 –
É
plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar.
§1º:
A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência do poder público em seu
funcionamento;
§2º:
As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial;
§3º:
Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado a
qualquer organização.
CAPÍTULO
II – DOS DIREITOS TRABALHISTAS, INDÍGENAS E DA INFORMAÇÃO
Seção
I – Dos Direitos Trabalhistas
Art. 70 –
São
direitos dos trabalhadores, sem distinção de qualquer natureza, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social, a aposentadoria, a proteção em
face da automação, a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso, o acesso a condições dignas e
seguras de trabalho e à qualificação profissional, nos termos da lei
trabalhista vigente.
§1º:
É livre a associação profissional ou sindical, nos termos da lei trabalhista
vigente, sendo vedada a obrigação à filiação ou a contribuição compulsória, e
garantido o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
§2º: É livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.
§3º:
É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre
a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender, nos termos da lei trabalhista vigente;
§4º:
A lei trabalhista disporá sobre as condições para a execução do trabalho, a
jornada, formas de licença, bem como a remuneração e demais direitos e deveres
do trabalhador e seu empregador, respeitados os direitos fundamentais previstos
nesta Constituição.
Art. 71 –
É
garantido aos trabalhadores salário mínimo nacionalmente unificado, fixado por
ato normativo, capaz de atender às suas necessidades vitais e às de sua
família, com reajustes periódicos que lhe preserve o poder aquisitivo.
§1º:
Será garantido o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
trabalho, a garantia do salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável, bem como a irredutibilidade do salário, salvo o disposto
em convenção ou acordo coletivo, respeito o disposto no caput deste artigo;
§2º:
Aos trabalhadores é garantido o décimo-terceiro salário, com base na
remuneração integral ou no valor da aposentadoria, e remuneração do trabalho
noturno superior à do diurno, bem como a proteção do salário, constituindo
crime sua retenção dolosa, e adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, nos termos da lei trabalhista vigente;
§3º:
É vedado a diferença de salários, exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor, estado civil ou deficiência física,
bem como a distinção entre trabalho manual, técnico, intelectual ou doméstico
ou entre os profissionais respectivos.
§4º:
Os trabalhadores terão direito a aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança, e seguro contra acidentes de trabalho, sem excluir a indenização a
que o empregador está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Art. 72 – Os
trabalhadores têm relação de emprego garantida contra despedida arbitrária ou
sem justa causa, nos termos da lei trabalhista, que preverá a indenização
compensatória, o seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário, dentre
outros direitos.
§1º:
Os trabalhadores gozação repouso semanal remunerado e férias anuais
remuneradas, bem como licença-gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, e
licença-paternidade, nos termos da lei trabalhista vigente;
§2º:
As empresas, mediante convênio com o poder público, pagarão salário-família em
razão do dependente do trabalhador de baixa renda e assistência gratuita aos
filhos e dependentes em creches e pré-escolas, nos termos da lei.
Seção II
– Dos Direitos Indígenas
Art. 73 – São reconhecidos aos índios,
respeitada a inviolabilidade do direito à vida nos termos desta Constituição,
sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo ao poder
público demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§1º:
São terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as
necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições;
§2º:
As terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente,
cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes, sendo inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis;
§3º:
O aproveitamento
dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a
lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
autorização da Assembleia-Geral, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra e do aproveitamento dos
recursos hídricos, na forma da lei;
§4º: É vedada a remoção dos grupos
indígenas de suas terras, salvo, ad referendum da Assembleia-Geral da
República, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população,
ou no interesse da soberania nacional, após deliberação da Assembleia-Geral,
garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco;
§5º: São nulos e extintos, não
produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das
riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
relevante interesse público, segundo o que dispuser lei complementar, não
gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra o poder
público, salvo, na forma da lei, quanto ao valor do bem expropriado decorrente
da ocupação de boa-fé.
Art. 74
– Os índios, suas
comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público ou a
Defensoria Pública em todos os atos do processo.
Seção III
– Do Direito à Informação
Art. 75 –
O
exercício da atividade da imprensa constitui elemento indispensável à
democracia, sendo vedada
toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§1º: Nenhuma lei conterá
dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação
jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado os termos
desta Constituição;
§2º: Os meios de comunicação
social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou
oligopólio.
Art. 76 –
É
livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato em qualquer meio
de comunicação, e a expressão da atividade artística, intelectual, científica e
de comunicação, independente de censura ou licença.
§1º:
É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material ou moral decorrente da violação à intimidade, à
honra e a imagem das pessoas;
§2º:
É inviolável o sigilo dos meios de comunicação, salvo por ordem judicial
nas hipóteses e na forma que a lei processual estabelecer, para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal;
§3º:
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado
o disposto nesta Constituição;
Art. 77 –
Todos
têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado Democrático de Direito
Social.
§1º:
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
§2º:
Cabe à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela
necessitem;
§3º:
A lei disporá sobre a organização e competência do Sistema de Transparência
Pública, nos termos desta Constituição.
Art. 78 –
A
propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados, na forma da lei, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
Parágrafo
único: Compete ao poder público outorgar e renovar concessão, permissão ou
autorização para o serviço de radiodifusão, observado o princípio da
complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
CAPÍTULO
III – DOS DIREITOS PÁTRIOS
Seção
I – Da Nacionalidade
Art. 79 –
São
brasileiros natos os nascidos no
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país, e os nascidos no estrangeiro, de pais brasileiros, e são brasileiros naturalizados os que, na
forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira.
§1º:
A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição;
§2º:
São privativos de brasileiro nato os cargos de membros da carreira diplomática,
de inteligência, da presidência da Assembleia-Geral, de ministro do Órgão
Executivo, de oficial militar e os previstos nos arts. 20, §1º, e 40, II;
§3º:
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua
naturalização, por sentença judicial, ou que adquirir outra nacionalidade,
salvo nos casos:
I.
De reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira;
II.
De imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos.
Seção
II – Dos Direitos Políticos
Art. 80 – A
soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto,
secreto, periódico e facultativo, com igual valor para todos e, nos termos da
lei que disporá sobre os mecanismos para a sua aplicação, mediante:
I.
Plebiscito sobre
tema em discussão na Assembleia-Geral antes da elaboração do respectivo ato
normativo;
II.
Referendo sobre a
promulgação de Emenda à Constituição ou ratificação de tratado internacional;
III.
Consulta
Pública
sobre questões de relevante interesse social, definidos em lei;
IV.
Petição
Revogatória
contra ato normativo ou dispositivo vigente desta Constituição, ressalvado o
disposto no art. 26;
V.
Ação de
Afastamento,
individual ou coletiva, contra autoridades nomeadas pelo poder público;
VI.
Revogação
de Mandato,
individual ou coletiva, contra os representantes políticos e autoridades eleitas;
VII.
Veto
Popular
contra proposição em tramitação na Assembleia-Geral ou em julgamento no
Tribunal Constitucional; e
VIII.
Iniciativa
Popular
de proposição à Assembleia-Geral para a execução do processo legislativo, nos
termos do art. 24, §1º.
§1º:
O poder público não poderá reconduzir ao cargo autoridades que tenham sido alvo
de ação de afastamento, nem apresentar nova proposição cuja matéria tenha sido
objeto de veto popular, de petição revogatória ou que tenha sido rejeitada em
referendo ou plebiscito;
§2º:
Em caso de ação de revogação de mandato coletiva, contra Câmara Pública ou
contra a Assembleia-Geral, a Justiça Eleitoral convocará eleição em até 30
(trinta) dias, devendo os eleitos completar o período de seus antecessores;
§3º:
A consulta pública será utilizada para ouvir a sociedade acerca de questões
consideradas de relevante interesse nacional, nos termos da lei;
Art. 81 – Todos os
brasileiros capazes são elegíveis, nos termos da lei eleitoral vigente, sendo
vedado a obrigatoriedade à filiação partidária ou exigência de alfabetização,
como condição de elegibilidade.
§1º:
É vedado aos estrangeiros, com exceção daqueles residentes em território
nacional por mais de 5 (cinco) anos e legalmente regularizados, e aos
brasileiros, cumprindo pena privativa de liberdade ou incapazes, alistar-se
como eleitores;
§2º:
Os membros do poder público e os exercentes de mandato eletivo deverão,
para assumir os respectivos cargos públicos, apresentar declaração de bens e
valores que constituem seu patrimônio e se exercem ou não outro cargo, emprego
ou função pública, bem como autorizar, formalmente, a quebra de seu sigilo
bancário e fiscal;
§3º:
A lei eleitoral instituirá circunscrições eleitorais extraordinárias para
eleição, e indicação de representantes à Assembleia-Geral, por brasileiros
residentes no exterior.
Art. 82 – São inelegíveis para quaisquer
cargos o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, em primeiro grau entre
si, nas eleições que se realizem concomitantemente, bem os que, no curso do
mandato em que ocorrer a eleição, tenham renunciado, tácita ou publicamente, em
decorrência de suspeitas ou denúncias de atos que lhes tenham sido atribuídos e
que ensejem perda de mandato por falta de decoro.
§1º: A
renúncia de representante contra quem tenha sido apresentada denúncia ou
representação por infração terá seus efeitos suspensos até as deliberações
finais;
§2º: São inelegíveis para
quaisquer cargos a pessoa que tenha sofrido condenação judicial ou
administrativa transitada em julgada ou que, durante o processo eleitoral,
esteja respondendo a processo ou investigação.
Art. 83 – É vedada a cassação de direitos
políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de cancelamento da
naturalização por sentença judicial, incapacidade civil absoluta, condenação
criminal, ou recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa.
§1º:
A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua
vigência;
§2º:
Salvo motivo de caso fortuito ou de força maior, os candidatos eleitos são
obrigados a cumprirem as propostas apresentadas durante o processo eleitoral,
sob pena de inelegibilidade.
Art. 84 – É livre a
criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e demais preceitos previstos na lei eleitoral
vigente.
§1º:
É vedado ao partido político o recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governos estrangeiros, ou de subordinação a estes, bem como a
utilização de organização paramilitar ou pregação de ideais contrários aos
princípios democráticos;
§2º:
Os partidos políticos serão mantidos exclusivamente por contribuições
voluntárias de seus filiados, sendo vedada a cobrança compulsória ou o
recebimento de recursos financeiros do poder público ou de pessoas jurídicas;
§3º:
Os candidatos filiados à partidos políticos ou de candidatura independente
têm acesso gratuito aos meios de comunicação para apresentação de suas
propostas na forma da lei eleitoral vigente, com duração igual a todos.
Seção III
– Dos Refugiados
Art. 85 – O refugiado gozará de direitos e
estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, na forma da lei e dos
tratados e convenções internacionais, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis,
regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem pública.
§1º: O refugiado terá direito, nos termos das convenções e tratados internacionais que o Brasil seja signatário, a identificação civil comprobatória de sua condição jurídica, bem como outros documentos necessários ao exercício do trabalho e livre circulação, na forma da lei;
§2º:
Em hipótese alguma será efetuada a deportação do estrangeiro que solicitar
reconhecimento como refugiado, para fronteira de território em que sua vida ou liberdade
esteja ameaçada, em virtude de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opinião política;
§3º:
Não será expulso do território nacional o refugiado que esteja regularmente
registrado, salvo por motivos de segurança nacional ou de ordem pública.
TÍTULO
III
DAS
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
CAPÍTULO
I – DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 86 –
A
ordem social tem como base o primado do trabalho e da educação, e como objetivo
o bem-estar e a justiça sociais.
§1º:
Todos têm a responsabilidade de observar e fazer cumprir os termos desta
Constituição, no que lhe couber, cabendo à lei dispor sobre os deveres do
indivíduo para com a sociedade;
§2º:
O serviço social, estabelecido nos termos da lei, é obrigatório a todos os
brasileiros capazes.
Art. 87 –
A
ordem pública tem por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do
interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica,
fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que
conduza ao bem-estar comum.
§1º: É dever
de todos zelar pelo pleno convívio em sociedade, com o objetivo de garantir a
paz social necessária à prosperidade geral, entendendo que seus direitos são
limitados pelos direitos dos demais;
§2º:
Ressalvadas as limitações de matéria penal, ninguém se exime do dever de
colaborar com a justiça para o descobrimento da verdade.
Art. 88 –
A
ordem econômica, sob o regime do capitalismo humanista, fundada na valorização
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I.
Soberania nacional;
II.
Propriedade privada e função social desta;
III.
Livre concorrência e defesa do consumidor;
IV.
Defesa do meio ambiente e observância dos
direitos humanos;
V.
Busca do pleno emprego e redução das
desigualdades regionais e sociais;
VI.
Tratamento favorecido às empresas
brasileiras, nos termos da lei.
§1º:
A exploração direta de atividade econômica pelo poder pública só será
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei;
§2º: Como
agente normativo e regulador da atividade econômica, o poder público exercerá,
na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado;
§3º:
Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, através de licitação, a prestação dos serviços de
utilidade pública;
§4º:
O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a
viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar geral da
população e a independência tecnológica do País, nos termos da lei.
Art. 89 –
A
política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes, e a política agrícola será planejada e executada na forma da lei,
com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e
trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento
e de transportes.
§1º:
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, elaborado pela
Câmara Pública, mediante consulta pública aos munícipes;
§2º: Incluem-se
no planejamento agrícola as atividades agroindustriais, agropecuárias,
pesqueiras, minerais e florestais, devendo ser compatibilizadas as ações de
política agrícola e de reforma agrária.
Art. 90 –
Lei
disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo,
quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados
pelo poder público, atendido o princípio da reciprocidade.
Parágrafo
único: Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições
em que o transporte de mercadorias na cabotagem poderá ser feito por
embarcações estrangeiras.
CAPÍTULO
II – DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 91 –
Esta
Constituição entra em vigor na data de sua promulgação por referendo popular, em
sessão da Assembleia Nacional Constituinte, declarando-se instaurada a Sétima República do Brasil.
§1º: Após a
promulgação desta Constituição a Assembleia Nacional Constituinte será
dissolvida, bem como todos os órgãos públicos eleitos segundo a ordem
constitucional anterior.
§2º:
A Justiça Eleitoral convocará eleições gerais, no dia 15 (quinze) de novembro
após a promulgação desta Constituição, para o provimento dos cargos elegíveis
previstos nesta Constituição;
§3º:
As disposições
constantes neste capítulo serão retiradas do texto constitucional após cessarem
seus efeitos jurídicos, em sessão da Assembleia-Geral da República.
Art. 92 –
A
Assembleia-Geral da República constituída após a promulgação desta Constituição
deverá iniciar a alteração de toda a legislação vigente segundo a ordem
constitucional anterior, pelos termos previstos nesta Constituição.
§1º:
A Assembleia-Geral poderá elaborar lei de iniciativa dos outros órgãos ou
instituições do poder público, quanto à sua organização e competência, se estes
não o fizerem até 5 (cinco) anos da data de promulgação desta Constituição;
§2º:
Salvo em caso de relevância ou urgência, esta Constituição não será emendada
até que toda a legislação infraconstitucional seja alterada segundo os
critérios previstos nesta Constituição, ou se a alteração proposta puder ser
realizada através de projeto de lei.
Art. 93 – Após 10
(dez) anos de vigência desta Constituição será convocado plebiscito popular
para à manutenção da forma unitária de Estado e do sistema diretorial de governo,
ou sua mudança para outro sistema governo ou forma de Estado, sem prejuízo das
demais disposições constitucionais vigentes.
Art. 94 – No prazo de 1 (um) ano a contar da
promulgação desta Constituição, a Assembleia-Geral promoverá impreterivelmente,
sob pena de responsabilidade, exame analítico e pericial dos atos e fatos
geradores do endividamento público brasileiro.
§1º: A Assembleia-Geral organizará
comissão especial que terá
a força legal de comissão de inquérito para os fins de requisição e convocação,
e atuará com o auxílio do Tribunal de Contas e da Instituição Fiscal
Independente;
§2º:
Apurada irregularidade, a Assembleia-Geral proporá
ao Tribunal Constitucional a declaração de nulidade do ato e encaminhará o
processo ao Ministério Público, que formalizará, no prazo de 60 (sessenta)
dias, a ação cabível.
Art. 95 – As
autoridades eleitas nos termos desta Constituição prestarão o compromisso de
manter, defender e cumprir a Nona Constituição Nacional do Brasil, observar as
leis, promover o bem-estar geral do povo brasileiro, sustentar a pátria, a
integridade e a independência do Brasil, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo
único:
A Lei Penal disporá sob a tipificação do crime de responsabilidade cometido
pelas autoridades constituídas e aplicação das penas, nos termos desta
Constituição.
Um ótimo vídeo que talvez fosse de ajuda ao seu blog:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=Q4d4EnHAQi4
Continua a fazer um ótimo trabalho!
Muito obrigado, Bobchester... sua contribuição é muito importante. O vídeo é muito interessante, sobretudo do ponto de vista político (o regime republicano defendido por um membro da familia imperial). Recomendo a todos os leitores que assistam e, sempre que quiserem, podem recomendar videos, sites, artigos, etc. e dar sua opinião (favorável ou não, livremente) sobre qualquer artigo publicado.
ExcluirUm abraço Bobchester e obrigado por seu apoio contínuo ao blog.